Era um ás, mas andava para trás

Era uma vez um rapaz que tinha tudo para ser um ás. Sabia de matemática, de química, de gramática e até de mímica, mas preferia mandriar, o professor ignorar e os colegas provocar. Já ninguém tinha paciência para tamanha incongruência, entre capacidade e vontade. O professor aborrecia-se, mandava trabalho, que ele esquecia ou, se não esquecesse, era como se todos os erros possíveis de propósito cometesse.
Irritado com a evolução do estudante, explicou aos pais a situação preocupante. Estes fizeram orelhas de mercador e recusaram-se a colaborar com o professor.
"Que família estranha a deste aluno, que em vez de se preocupar com o estudo, prefere ignorar o problema, como se fosse esse o seu lema!", pensou o professor, com desalento, ainda que não fosse seu intento esquecer o estranho rapaz e deixá-lo ficar para trás.
Lembrou-se então de dar ao José uma lição. Com a turma combinaria que coisa nenhuma correcta se diria. Num dia bem acertado, tal como fora combinado, o professor deu matéria nova e pôs os alunos à prova. E foi o disparate total, ainda que ninguém se risse quando respondia tudo mal. No final da tarde via-se o José desesperado, como se estivesse muito, mas mesmo muito cansado. Na verdade o que se passava era que grande tristeza lhe causava ver uma turma de colegas completamente às cegas. Foi então que se levantou e, por suas palavras, toda a matéria explicou. Ao ver tanta burrice junta, que desconhecia ser planeada, decidiu afastar a ideia tonta de fingir não saber nada. E de aluno descontente, passou a aluno excelente. Bastou querer, para tal conseguir ser!

© Elisabete Lucas

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