Um belo dia para dormir sobre as ondas
Praia. A inclemência do Sol desincentivaria tal opção em tempos normais. Mas aqueles não eram tempos desses. A chuva que atravessara toda a Primavera prolongara-se pelo início do Verão, até àquele Sábado em particular, em que a temperatura, o ambiente, a luminosidade mudaram por completo o cenário dos dias anteriores, das semanas passadas, em que as janelas mal se abriam, em que as cortinas se mantinham fechadas, como que a isolar os habitantes das casas de um mundo cheio de cinza. O dia era quente e húmido. Trazia as respirações pesadas e os olhos semicerrados. Apesar da inclemência do Sol, sem espanto a praia estava coberta de corpos. Um mar de gente juntava-se a um mar de água mansa, convidativa. O cheiro a maresia, a remeter a memória para a infância feliz de uma praia quase deserta e coberta de algas, enchia o peito com ar doce. O esforço de encontrar uma migalha de espaço onde estender uma simples toalha estranhamente parecia ter lugar no conjunto das coisas boas de um di