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A mostrar mensagens de outubro, 2011

Psss, o filme é da crise de ontem!

Para quem não gosta de filmes de terror, a sensação de viver na actual conjuntura pode parecer semelhante a ter entrado na sala de cinema errada, sem possibilidade de fuga devido ao encravamento das portas. Há que sentar, respirar fundo e fingir que se está numa qualquer praia de areias finas ou, melhor, num qualquer museu recheado de clássicos. De um lado a crise.  Do outro lado, o desânimo. Para quem não gosta de filmes de terror e descrê de receitas milagreiras que, por segundos, parecem milagrosas, acordar de manhã pode ser aterrador, porque os líderes se vão reunir e chegar a um consenso, porque os líderes se reuniram e o consenso se esfumou (mas não saiu nem fumo branco nem preto, porque tais reuniões não exigem chaminé), porque os líderes se reuniram e acertaram as grandes linhas, sorriram para as câmaras, mas não acertaram detalhes (ou talvez não tenham acertado nos detalhes). Porque os líderes são como a sopa que se põe na mesa: é o que se pode arranjar! Para quem não gosta de

Primeiro dia de inverno

Noite cerrada. Chegou, de repente, o frio e, com ele, a necessidade de aquecer uma alma que, estando já enfraquecida, conseguira manter-se iluminada nos últimos meses à custa de apanhar um brilhozinho dos raios de sol que haviam conquistado o fim do Verão e o princípio do Outono. Noite cerrada. Breu. Chuva intensa. Desabou o céu em poucos minutos, pelas três horas da madrugada, com nuvens de bocarras abertas a expulsar água a rodos. Noite cerrada. O Verão transformado no seu oposto, sem ponte, sem dias assim-assim, para temperar o espírito com menos sal e prepará-lo para a dieta que há que cumprir. O sono foi transformado em coisa pouco sã, teimando em ignorar a madrugada e com vontade de provocar pesadelos à mente desperta. Noite cerrada. Desaba o mundo exterior. Desaba o mundo interior, que não resiste à tempestade e deixa entrar o vento furioso, que fustiga as janelas, direitinho ao coração. Arrefece-o. A mente, cada vez mais acordada, ouve trovões que não existem, gritos que não s