A natureza tal como é

O céu vai despejando rios, como se estes tivessem passado a morar lá em cima. Parco descanso tem o frio, que recupera depressa da canseira dos dias. E o Inverno foi-se transformando em caminho longo, de fim tão incerto quanto apetecido. Mas o passarinho, talvez mais conhecedor da natureza, talvez menos preocupado em tê-la acorrentada aos seus caprichos, recolhe pedaços do mundo, para criar o seu. Em voos sucessivos vai construindo o ninho, com palhas que transporta no bico. Umas deixa cair. Outras leva ao destino. Porventura importa-lhe mais a eficácia do que a eficiência do processo. Pousa no ramo alto, olha em volta à cata de seguidores e só quando se sente seguro mergulha no interior da árvore. Protege-se, para proteger quem virá. Caem gotas grossas lá de cima. As nuvens pesam na cor do dia. Contudo, o passarinho de penas verdes acredita que nada disso lhe tirará a Primavera.

© Elisabete Lucas

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