Sabedoria comprada à pressa
Fui à mercearia comprar sabedoria mas a lojista desconhecia, por assim dizer, o que seria semelhante mercadoria. Tinha pressa na dita ciência pedi à senhora muita urgência mas dei com falta de sapiência somada de clarividência e fiquei sem paciência. A mulher pôs-se a explicar que queria era abrir um bar só sabia de contas de somar pôr música para dançar e estava ali apenas a desenrascar. — Então como faço eu esta equação?, perguntei-lhe eu todo gingão, uma mão agarrada a um sabão a outra a pegar num simples pão, para desviar o receio do raspanete do patrão. — Se não apareço com o pedido, posso mesmo ser despedido. — Esteja descansado, está resolvido, disse a moça com ar decidido: volte à empresa com um ar bem bebido. A mim deu-me para rir à gargalhada A ela para explicar a tirada: — Diga que bebeu sabedoria à desgarrada com o maior sabichão de Almada. Se saí sábio desconheço, mas também não paguei nada.