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A mostrar mensagens de abril, 2013

Aprender a saudade

Lisboa, 10:30 da manhã. A pressa das gentes que percorre o Chiado ignora a melancolia do violino de Kristina. E menos quer saber da tristeza que inunda a sua alma. O céu está vestido de cinza, colorindo do mesmo tom o coração desta jovem que está na cidade por intervenção do acaso, como se este de quando em vez decidisse agir, para não largar à sorte todos os eventos do mundo. Foi mais ou menos por acção aleatória que Kristina acabou por aterrar na capital de um pequeno país europeu, para aprender uma língua muito distante do sueco, com um sol mais quente e mais presente e com um povo que se diz afável, acolhedor. Com três meses apenas no país, a jovem aprendeu pouco de português e muito de saudade. E sente falta do que lhe é familiar, dos sorrisos que conhece, dos mimos da família e dos amigos, das palavras que a deixam tranquila. Se a língua portuguesa continua a ser para si uma companhia estranha, com a qual convive mal, o fado conquistou-a. Nas manhãs cinzentas, em que se sent

Palavras

As palavras soltam-se da ponta dos dedos. Pousam solenes sobre o papel, transformado em lar. Aí crescem, ganham cores, vestem-se de liberdade. E viajam. E sonham. E desafiam. E mudam, mesmo quando são palavras de silêncio.

Desisto, agora

Abraçada pela luz do sol de corpo estendido na areia desisto, finalmente desisto. Insensata luta, constante busca, redundante cansaço, fadiga imensa. Desisto, agora que o querer já partiu, deixando amargura, cravando tristeza num coração outrora encantado. Cedo à fraqueza, ante a imensidão do mar. Adormeço junto às ondas, para seguir viagem num embalo prolongado. @ Elisabete Lucas

Dias sem pressa

Vai-se instalando de mansinho a luz morna que torna os dias suportáveis e diminui o medo da chegada da noite densa. O ruído que o mundo produz sem cessar é abafado pelas doces e ternas palavras de um poema sem tempo. A felicidade deixa-se desprender, como um fio de cabelo que voa levado por uma leve brisa de Verão.