Psss, o filme é da crise de ontem!

Para quem não gosta de filmes de terror, a sensação de viver na actual conjuntura pode parecer semelhante a ter entrado na sala de cinema errada, sem possibilidade de fuga devido ao encravamento das portas. Há que sentar, respirar fundo e fingir que se está numa qualquer praia de areias finas ou, melhor, num qualquer museu recheado de clássicos.
De um lado a crise. Do outro lado, o desânimo.
Para quem não gosta de filmes de terror e descrê de receitas milagreiras que, por segundos, parecem milagrosas, acordar de manhã pode ser aterrador, porque os líderes se vão reunir e chegar a um consenso, porque os líderes se reuniram e o consenso se esfumou (mas não saiu nem fumo branco nem preto, porque tais reuniões não exigem chaminé), porque os líderes se reuniram e acertaram as grandes linhas, sorriram para as câmaras, mas não acertaram detalhes (ou talvez não tenham acertado nos detalhes). Porque os líderes são como a sopa que se põe na mesa: é o que se pode arranjar!
Para quem não gosta de filmes de terror, percebe que está na sala errada, que a fita dura uma eternidade e que os actores foram seleccionados num casting conduzido por alguém que acabara de experimentar água-pé pela primeira vez, a melhor solução é mesmo imaginar que se está dentro da tela, à frente da câmara e convencer o resto do pessoal que o script foi alterado. É tudo a fingir, certo?

© Elisabete Lucas

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