Paris, porque sim
— Mulher, que fazes aqui? Perdoem-me começo tão inóspito, mas dificilmente encontraria frase que mais se adequasse a iniciar a curta história que tenho para contar. Porque a realidade é muitas vezes maquilhada para tomar uma beleza que não tem, abstenho-me aqui de adocicar factos ou atribuir qualidades quando os defeitos prevalecem. Não me orgulho da frase que me saiu naquela manhã em Paris, ao ver uma pessoa que me tinha sido tão chegada, ainda que se tivesse distanciado por razões que aqui não trazem acrescento, deitada num banco do Bois de Boulogne, coberta de jornais, para se proteger daquele frio que a cidade sabe tão bem misturar com o sol a descobrir. Mulher, pessoa adulta do sexo feminino. O dicionário sabe pouco sobre aquela de quem falo e eu apenas uns diminutos elementos acrescentarei à sua identificação, por razões de segurança, dela está claro, ainda que não se trate de um caso de polícia mas de um caso de malícia. — Moi? J’attend mon fiancé ! A manhã começara